quarta-feira, 24 de agosto de 2011

O país da morte das soluções coletivas

A cada dia que passa vejo com mais clareza que a população brasileira tem se distanciado da política na mesma proporção que aparecem denúncias e mais denúncias de corrupção. Um bom medidor disso é a grande quantidade de pessoas que não nutrem qualquer tipo de confiança em políticos, podemos até esperar melhorias na administração pública mas alguma confiança parece um sonho muito distante. Se adicionarmos a isso a já histórica inércia do brasileiro, chegamos a uma situação crítica: O brasileiro não acredita que pode resolver os próprios problemas do Brasil.

A consequência devastadora desse tipo de pensamento se configura na exarcebada e exagerada busca por soluções de problemas individuais como a previdência, a saúde, a educação, o transporte são alguns dos exemplos mais claros, mas existem outros. A justiça por exemplo é um caso complicado, pois o brasileiro mesmo com dinheiro caso não seja réu está em maus lençóis, pois aí não adianta só dinheiro, tem que ter influência e isso fica mais difícil de se conseguir, devido a isso são realizadas passeatas nas ruas e greves gerais por uma justiça mais justa? Claro que não, o brasileiro deixa de usar a justiça a seu favor e quando usa sabe que pode demorar anos esperando, alguém pensou em testamento?

Uma área que trata dessa questão diretamente é a relação de funcionário público com influência política. Sabemos que em muitos lugares os serviços públicos estão aquém do esperado, forçando funcionários concursados a trabalharem em péssimas condições, nesse caso em particular, a segurança do emprego é no mínimo mais um fator de complicação. Deixando a questão da estabilidade de lado, muitos querem de fato trabalhar e produzir, mas poucos são escolhidos para cargos comissionados apenas por critérios de meritocracia. A gestão pública precisa estar alinhada com os diretores e gerentes de empresas públicas e isso é um fato, mas existe um limite para isso, e esse limite é a ética profissional e o zelo pelo patrimônio público, isso não pode ser negociado.

Chego a sonhar com o dia em que o brasileiro tenha um terço da preocupação com o patrimônio público, que  tem com o seu próprio patrimônio. A decisão de contrariar chefes do executivo por problemas que necessitam de solução independente do viés político ou ideologia, parece uma coisa do outro mundo. Ficar calado sempre parece ser uma boa opção para manter a própria situação confortável.

Fica então muito evidente que o brasileiro, possui níveis de preocupação e atuação direta por melhorias, iniciando com sua família, chegando a sua casa ou apartamento e no máximo no seu bairro, daí em diante tudo fica difícil de se melhorar e nesse momento o cidadão da nossa terra passa a olhar apenas para os seus próprios problemas, afinal num adianta mesmo correto?

Se MEU bairro está violento, eu tento me mudar!
Se a MINHA gasolina está cara demais, eu passo a andar mais de ônibus ou compro uma moto!
Se o produto X que EU quero está caro, tento falar com alguém para importar ilegalmente e assim por diante...

Pra cada problema que é comum a todos os brasileiros, eu procuro um solução para mim!

Me pergunto quando vamos entender que essas atitudes possuem prazo de validade e eventualmente teremos que enfrentar os problemas que fazemos de conta que não existem.

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