terça-feira, 29 de novembro de 2011

O que significa conhecer a Recife?

Recife encontra-se num momento delicado, a frente popular corre o risco de se desfazer devido a rejeição a João da Costa e a briga dos "Joões", por isso o PSB decidiu pressionar o PT permitindo que Fernando Bezerra Coelho transferisse o seu domicílio eleitoral para Recife.

Não acredito que FBC seja um nome de peso na capital mas tenho escutado alguns comentários que considero hilários, como por exemplo o fato de que ele não "conhece" Recife. O que significa conhecer Recife? Saber dos seus problemas? Das suas dificuldades? Se conhecer significa isso e o problema for de fato esse, se ele quiser em um mês ele passa a conhecer tudo dessa cidade, é só se dar o trabalho, não gosto pessoalmente do PSB, mas essa indagação é intelectualmente mentirosa, afinal de contas os grandes problemas de Recife são os mesmos de todas as grandes cidades do Brasil, pode-se até mudar o sujeito mas o predicado é o mesmo!

Os "jornalistas especializados" que afirmam isso, são os mesmos que durante a eleição de João da Costa, eu escutei dizer que por ele "conhecer"  demais a cidade, devido aos seus 8 anos de OP sabia de todos os problemas da cidade! Todo o brasileiro tá careca de saber quais problemas nós temos, precisamos sim de soluções!

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Brasil, o país do futuro?(5/5)

Carências 


Consultor da ONU para o Relatório de Desenvolvimento Humano Brasileiro, Rogerio Borges ressalta que o IPM, ao medir a pobreza sem considerar a renda, traz um retrato mais fiel das carências enfrentadas pelas pessoas de uma determinada nação. “É verdade que, no Brasil, a renda leva a um acesso maior de serviços, mas nem sempre isso ocorre, especialmente em outros países”, diz Borges. 


Com experiência em serviços gerais, Elilson procura por um trabalho que permita sair do barraco onde mora atualmente. Depois que a mulher morreu no ano passado, aos 29 anos, de câncer no colo do útero, o homem desistiu de entrar em um programa de transferência de renda. “Ela tentou várias vezes cadastrar a gente no Bolsa Família. Levava todos os documentos, até os das nossas filhas, mas nunca tivemos uma resposta positiva”, conta Elilson, afastando, logo em seguida, o tom de lamentação. “Se um dia melhorar, a gente prossegue, se não melhorar, vamos continuar também.” 

Brasil, o país do futuro? (4/5)

O novo retrato da pobreza


A menos de 20km do Plano Piloto, área central de Brasília famosa pelo alto padrão de vida, está o barraco de madeira onde mora Elilson Gonçalves Pereira. Na casa de dois cômodos localizada na Vila Estrutural, o banheiroé improvisado, não há água encanada nem rede de esgoto, a eletricidade vem de gambiarras para funcionar o único eletrodoméstico do lar, uma televisão de madeira fabricada na década de 1970. Para cozinhar, o maranhense de 37 anos usa lenha. “Nesse tempo de chuva, a madeira molha. Tem hora que desisto de acender”, conta, ao tentar fazer o fogo pegar. Atualmente desempregado, o homem que já foi resgatado como escravo em uma carvoaria no Pará antes de desembarcar no Distrito Federal para tentar a vida, representa bem o Índice de Pobreza Mutidimensional (IPM), divulgado ontem pelas Nações Unidas, que mede privações múltiplas e simultâneas em serviços essenciais, retirando apenas da renda o critério para avaliar o bem-estar social da população. 

Pelo IPM, o Brasil tem 2,7% da população em pobreza multidimensional. Isso significa 5 milhões de pessoas com privações graves em pelo menos 30% dos indicadores avaliados — entre os quais destacam-se nutrição, energia para cozinhar, banheiro e tipo de piso na residência. Embora o número represente duas vezes a quantidade de moradores do Distrito Federal, especialistas apontam que o dado está subestimado. “É uma estimativa conservadora se considerarmos que a situação de brasileiros com insegurança alimentar de moderada a crítica é de 11%. O IPM faz o seu papel ao traçar uma linha de pobreza alheia à renda, mas funciona melhor para países em condições extremas, como a Índia. Lá, a questão epidemiológica, por exemplo, depende muito da qualidade da água. Para o Brasil, isso não faz tanto sentido. Nossas privações são outras. Por isso, a questão nutricional talvez seja uma medida melhor”, opina o especialista em pobreza Flávio Comim, pós-doutor em Economia pela Universidade de Cambridge e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.


Entre os BRICs, o Brasil perde — como em todos os outros indicadores — para a Rússia no quesito pobreza multidimensional. Enquanto aqui há, pelas medições da ONU, 7% da população vulnerável à miséria, lá 0,8% estão na mesma situação. “Todos os países comunistas colhem frutos nas áreas de educação e saúde, que são preponderantes para uma boa avaliação de desenvolvimento humano, embora muitas vezes não tenham desempenho notável na seara econômica”, pontua Marcelo Medeiros, pós-doutor em sociologia do desenvolvimento e professor da Universidade de Brasília. Atrás do Brasil no IPM, ainda dentro do grupo das nações emergentes, vêm China e África do Sul, em posição praticamente igual. 

Na lanterna, está a Índia, com 612 milhões de pessoas — ou 53,7% da população total — em condição de pobreza multidimensional. Ainda há 28,6% em pobreza grave e 16,4% incluídos como vulneráveis. Ou seja, sobram 1,3% de indianos imunes às privações medidas pelo IPM. 

Brasil, o país do futuro?(3/5)

Subiu ou desceu?


No ranking do IDH do ano passado, o Brasil estava na 73ª posição, mas a lista englobava 169 países. Com a entrada de 18 nações em 2011, o Pnud recalculou o valor de 2010 para essa lista maior, de 187 nações. Nesse novo ranking, incluindo nove nações que entraram na frente do Brasil, o país saiu do 85º para o 84º lugar. A atualização da relação, para que ela se torne comparável à lista do ano passado, atende a uma preocupação técnica, mas pode mascarar interpretações importantes para entender o fenômeno da pobreza no Brasil. É o que defende Flávio Comim, professor da Universidade de Cambridge e consultor do Relatório de Desenvolvimento Humano para o Brasil em 2010. 


“As mudanças reduzem a transparência do ranking. O cidadão comum perde poder ao não conseguir comparar a lista de um ano com a do outro. E o pior: talvez, no final das contas, o preciosismo técnico esteja errado, pois a conta se faz ‘de cima para baixo’ e, nesse sentido, a distância entre o Brasil e a Noruega (primeiro colocado) aumentou, e não diminuiu de 2010 para 2011, como o entendimento de que subiu uma posição pode levar a crer”, afirma Comim. Na avaliação dele, a colocação brasileira atual é claramente “menos elogiosa” que no ano passado. Dos nove países que, ao integrarem o ranking este ano pela primeira vez passaram na frente do Brasil, destacam-se Cuba (51º) e Líbano (79º). (RM)

Brasil, o país do futuro?(2/5)

Transferência de renda


Pós-doutor em sociologia do desenvolvimento e professor da Universidade de Brasília (UnB), Marcelo Medeiros explica que os programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, não causam qualquer impacto na redução das disparidades. “São desenhados para reduzir a extrema pobreza. Até porque, a quantidade de dinheiro usada no programa do governo federal está entre 0,5% e 1% do PIB, é pouco”, afirma o economista e sociólogo.

Opinião semelhante tem o cientista político João Talocchi: “Se não houver uma política no campo da educação, os beneficiados permanecerão vulneráveis e dependentes da ajuda governamental”. Flávio Comim, pós-doutor em economia, chama atenção para a expectativa de escolaridade no Brasil, que diminuiu de 14,5 anos em 2000 para 13,8, em 2011. “Isso significa que a qualidade do sistema educacional caiu, por diversos fatores medidos dentro dos critérios estatísticos, espera-se que uma criança que entra hoje na escola estude menos do que se esperava no início da década”. 

Gênero

Eleger uma mulher para comandar o país pode ser sintomático, do ponto de vista da redução das desigualdades de gênero, mas não significa necessariamente um equilíbrio em relação aos homens no Brasil. Especialmente no campo da política, onde apenas 9,6% das cadeiras do Parlamento são ocupadas por elas — pior índice entre países emergentes, os chamados Brics, e na comparação com nações em condições semelhantes, como o México. Mas é no campo da saúde pública que o tema ganha contornos dramáticos. Se, por um lado, houve uma redução expressiva da mortalidade materna, de 110 para 58 casos por 100 mil nascidos vivos entre 2010 e 2011, no quesito planejamento familiar, o país vai muito mal. Aqui, a cada mil mulheres que dão à luz, 75 são adolescentes, segundo o Índice de Desenvolvimento de Gênero (IDG). A taxa brasileira fica pouco abaixo da indiana, de 86. 

Brasil, o país do futuro?(1/5)

Em seguida estarei reproduzindo matérias do Diário de Pernambuco e colocando em negrito as partes mais relevantes.

Um país (longe) do futuro 


Brasília - Embora tenha subido uma posição — de 85º para 84º, entre 187 países — no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), elaborado anualmente pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), o Brasil continua atrás de nações como Bósnia (74ª), Cazaquistão (68º), Kuwait (63º) e Trinidad e Tobago (62º). Ao mesmo tempo, vizinhos com economias bem mais modestas, como Argentina (45ª) e Chile (44°), integraram, este ano, o seleto grupo de Estados com a mais alta qualidade de vida no mundo. O motivo fica evidente quando considerado o IDH ajustado à desigualdade social (IDHD). Nesse índice, calculado para 134 países, o Brasil subiria 41 posições caso eliminasse as disparidades internas, considerando as condições atuais nas demais nações. Essa ascensão levaria o país ao estágio “desenvolvimento humano muito elevado”, a classificação de elite do Pnud, onde estão incluídos Noruega, Canadá e Suécia.

Além da concentração de renda, responsável por 40% da desigualdade medida pelo IDHD, a educação é apontada como catalisador essencial para acelerar o desenvolvimento humano brasileiro — que, na última década, cresceu lentamente, a 0,69% ao ano, contra o ritmo verificado entre 1980 e 2000, de 0,87%. Para se ter ideia do tamanho do desafio, os brasileiros têm, em média, 7,2 anos de escolaridade, o mesmo número observado no Zimbábue, cuja posição no ranking do IDH é de 173º. O país está atrás, por exemplo, de Botswana, onde a média de escolaridade chega a 8,9 anos, e do Tajiquistão, com 9,8 anos. Já no quesito expectativa de vida — que completa o tripé renda, educação e saúde, usado no cálculo do índice —, o Brasil subiu de 73,1 anos, em 2010, para 73,5 em 2011. Jose Pineda, chefe do grupo de pesquisa do IDH, explicou que, devido a esse aumento, a saúde foi a variável com a maior contribuição individual para o índice brasileiro deste ano.

Expectativa de vida

Apesar do avanço destacado, a expectativa de vida dos brasileiros está bem abaixo não só dos primeiros colocados no ranking, como a Noruega, onde se espera viver 81 anos, como das nações com características semelhantes. Na Colômbia, por exemplo, a esperança ao nascer é de 73,7; na Argentina, de 75,9; e no México, de 77. 

No que depender do servidor público aposentado Eurípedes do Nascimento Arantes, em breve, o Brasil alcançará níveis mais elevados. Aos 80 anos, idade equiparável à expectativa dos países nórdicos, ele recorda os avanços na saúde pública ao longo das últimas décadas. “Quando eu era garoto, a gente só via remédio de planta e tomava com base no conhecimento popular, não havia médico nem hospital como hoje”, comemora.

O economista Marcelo Neri, pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV), avalia que o Brasil avançou na última década, quando a renda da população mais pobre cresceu 350%, mas destaca que a desigualdade permanece como principal característica negativa do país no cenário internacional. “A melhor forma para combater isso é atacar o problema da educação. Esse é o pilar que pode dar bases mais sólidas para a evolução do IDH brasileiro”, acrescenta. 



sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A verdadeira direita irá aparecer?

Um evento histórico aconteceu nessa semana, uma chapa de direita venceu as eleições do DCE da UnB(Universidade de Brasília), velho conhecido reduto de esquerdistas, além das marchas contra a corrupção, seria esse um movimento para o aparecimento de uma verdadeira direita no Brasil que já está cansado das desilusões com a esquerda nacional?

http://unbconservadora.blogspot.com/2011/10/alianca-pela-liberdade-vence-eleicoes.html

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Falta de educação gera desigualdade

Do Diário de Pernambuco


As políticas de desenvolvimento regional que vêm sendo implantadas no Brasil desde a década de 1960 não têm se mostrado eficazes no combate às desigualdades entre as regiões do país. No caso do Nordeste, que se mantém em relativo atraso, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita continua no mesmo nível verificado há cinquenta anos, ou seja, 47% da média nacional (2008/1960). Em grande parte, por causa das diferenças em capital humano médio, reflexo do descaso dos governos com a educação, cujos investimentos têm se mantido bem abaixo daqueles realizados no Sul e no Sudeste.

Essa é a tônica do livro Desigualdades regionais no Brasil, que o economista Alexandre Rands lança amanhã, às 19h, na Livraria Cultura. A partir dessa crítica, Rands lança uma proposta alternativa, que é eliminar as diferenças de gastos médios por aluno com educação entre São Paulo e o Nordeste. “O Brasil fechou os olhos para a educação pelo menos até a segunda metade da década de 1990 e agora pagamos o preço. No livro, eu comparo e mostro que as diferenças em quantidade e qualidade da educação explica algo muito próximo de 100% todas as desigualdades regionais”, explica o economista, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e PhD em Economia pela Universidade de Illinois, nos Estados Unidos.

A elevação dos gastos hoje existentes com educação no Nordeste corrigiria uma das principais deficiências relativas de capital humano na região, que é a baixa escolaridade. Rands defende que os orçamentos dedicados à educação nos estados sejam complementados a partir do orçamento federal. Mas não apenas isso. Também teria que ser criada uma lógica para a utilização desses recursos, como sistemas de incentivos focados nos resultados apresentados por professores, escolas e alunos.

Em linguagem simples e sem recorrer ao excesso de tecnicismos, o economista refuta uma das teses mais utilizadas nos estudos regionais recentes, a da Nova Geografia Econômica. Segundo esse modelo, o mercado se encarregaria de resolver as desigualdades regionais através de retornos crescentes de escala. Mas não resolve. “Se, ao invés de transferir dinheiro público para empresários como política de incentivo fiscal o governo tivesse investido 100% em educação, teríamos eliminado essas disparidades na renda per capita”, comenta Rands.

Na visão do economista, que foi presidente da Associação Brasileira de Estudos Regionais (ABER) entre 2006 e 2009, as desigualdades regionais têm suas raízes na formação social das regiões. Ele lembra que, na época de forte colonização do Nordeste, não se conseguia atrair mão de obra de maior qualificação. Optou-se, assim, pela escravidão. Quando o Sul e o Sudeste foram intensamente mais colonizados, pelo contrário, o Brasil já era atraente para pessoas com maior qualificação. Essas tendências perduram até hoje por uma tendência à perpetuação. 



Meu comentário: É nada!

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O servidor público e o Estado - parte 2

Seguindo meu post anterior, resolvi fazer algumas explanações sobre o que acho que estão acontecendo.

Existem alguns pilares que norteiam qualquer profissão que são: A moral, a ética e a capacidade técnica. Eles sempre precisam andar juntos para possuírem algum efeito real. No ambiente das empresas privadas, todos esses pilares são orientados para as aspirações individuais da pessoa e o sucesso da empresa é o meio pelo qual isso deve ser atingido, daí vem as expressões como "vestir a camisa da empresa".

No ambiente público, esses pilares são voltados ao interesse público e não individual, e através deles é que o servidor deve ser graduado, ou seja, para ser um bom servidor basta ser um profissional preocupado com os interesses públicos que a carreira individual está garantida.

Uma pergunta então vem a tona: E quando o interesse público está deixando de ser o foco da atuação do servidor, o que fazer? Não possuo uma resposta para essa pergunta pois cada caso é um caso, mas tentarei deixar algo para reflexão.

O bom senso deve sempre estar em primeiro lugar já que viver em ambientes sociais inclusive no trabalho, sempre irá requerer abrir mão de alguns desejos individuais, traduzindo, sempre teremos que engolir alguns sapos de vez em quando, mas existe um limite e esse limite é que eu ousaria delimitar através dos pilares mencionados anteriormente, se algo desrespeita por demais os mesmos, algo está errado e a atitude de cada um deve ser revisada, mas vale uma pergunta: Será que isso feito dessa forma será bom para a sociedade que eu vivo? Cada deve saber responder essa pergunta.

O servidor público e o Estado

Luiz Carlos Bresser-Pereira 
Correio Brasiliense


O senador Josaphat Marinho é um dos esteios morais da democracia brasileira. Sempre o admirei na sua defesa corajosa e lúcida dos interesses nacionais. O senador nem está aliado à velha forças do patrimonialismo, nem às do corporativismo. Está firmemente comprometido com um Estado moderno e eficiente, administrado por funcionários dotados de espírito público, e voltado para o atendimento da população. Por que, então, as idéias que venho apresentando a respeito não o interessam? Ou são por ele interpretadas de forma negativa?

Um artigo neste jornal (“O servidor e o interesse público”, 29.10) sugeriu-me a chave para responder a esta questão. Nele o senador afirma que a emenda da reforma administrativa parte de uma noção deformada do interesse público, ao opor o Estado ao servidor, e ao supor que o interesse público esteja concentrado no Estado e não no servidor. Contra esta visão atribuída à proposta do governo, afirma Josaphat Marinho que o servidor público está por definição identificado com o interesse público, já que “o interesse público do Estado ou da Administração também se incorpora no servidor. Esta dimensão do interesse público resulta da natureza legal da relação que se estabelece entre o Estado e o servidor... O conceito de interesse público é inseparável da função pública, e, em conseqüência, do feixe de direitos e de deveres simultâneos do Estado e do servidor”.

Não posso estar mais de acordo. A força do direito administrativo, ao qual tive que voltar por força de meu novo cargo, aparece aqui em sua plenitude. Nem o servidor existe para o Estado, nem este para o servidor; ambos existem para o interesse público, que os legitima. Está correto, portanto, o senador quando acrescenta: “Não há que fazer distinção, genericamente, entre o Estado e o servidor, para caracterização do que seja o interesse público”. Se, em algum texto da reforma, foi esta distinção sugerida, houve equívoco. O servidor público tem um papel decisivo na administração do Estado. Sua missão é a de servir o interesse coletivo na forma pela qual ele for democraticamente definido pelo Governo em sentido amplo, ao nível da cúpula dos três poderes. Seu papel, embora subordinado ao poder político dos detentores de mandato popular, está longe de ser passivo. Pelo contrário, é e tem que ser ativo: diagnosticando problemas, levantando alternativas, propondo soluções.

Por isso, quando o servidor público se desvia de sua missão, é preciso haver meios de corrigir a distorção. Josaphat Marinho é claro a respeito: “se o servidor não executar bem suas funções... é que a condição de servidor não se situa no âmbito do interesse público, dele se distancia, e perde as garantias do cargo”. Entretanto, finaliza Marinho, “enquanto bem servir o servidor não pode ser considerado um portador de interesses pessoais ou particulares, sob suspeição permanente, e sim um órgão de preservação do interesse público”....



Meu comentário: Isso foi escrito em 26/11/1995 e eu pergunto: Ainda vale para hoje? 

sábado, 10 de setembro de 2011

Projeto de Lei poderá permitir desligamento de alunos

O Diário de Pernambuco publicou um matéria sobre o projeto de lei 1036/11 que visa permitir o colégio desligar os alunos que estiverem com 3 meses de atraso. Não é a primeira vez que o Diário usa palavras como "polêmico" em projetos de lei que beiram a obviedade, mas não vou me prender a isso já que de fato é um projeto polêmico em vista dos seguintes argumentos:


1-O presidente da associação de pais e alunos veio com essa pérola: "Segundo ele, a maioria dos pais não atrasa a mensalidade dos filhos porque quer, mas quando passam por dificuldade têm que decidir entre pagar a escola ou comer." Essa foi incrível, vamos então fazer o seguinte, vamos parar de pagar o imposto de renda ou o condomínio já que também temos que escolher entre comer e pagar o que é devido, na verdade isso se aplica a muitas outras coisas.


2-A promotora do MPPE veio com outra pérola já repetida infinitamente: "O aluno não pode ser submetido a constrangimento. Além disso, o ano letivo das escolas é anual". Concordo, se o projeto for inconstitucional não adianta chorar, mas esse argumento é idiota no mínimo, ninguém protege a criança de nada, está se protegendo o pai, já que ele é que deveria ter vergonha na cara, pois vi muitos pais não pagarem o colégio o ano todo com plenas condições financeiras amparados nesse argumento falacioso.

Desde pequeno não entendia essa lei e até hoje não entendo, sei sim que muitos colégios precisam negociar uma grande quantidade de dívidas e se necessário abrir uma faculdade para sobreviver. Se escola é um direito constitucional que coloque numa pública, se a escola pública for ruim vá brigar com o governo, é tudo muito simples, mas com certeza muito trabalhoso, na certa é melhor jogar essa história de comer e constrangimento que tudo continua uma porcaria, mas o problema de quem não gosta de pagar corretamente é resolvido.


Para resolver essa questão porque não criam um serasa de escola, onde ninguém seria constrangido, mas ficaria com o nome sujo, da mesma forma que com os cartões de crédito, forçando o pai a pagar senão os juros vão aumentar ainda mais a dívida. O mais interessante disso tudo é que a inadimplência é um dos maiores motivos de aumento das mensalidades.


obs: A foto do Diário também é ótima, ela mostra um aluno com medo da diretora cobrar que o pai do mesmo pague em dia, é muito engraçado mesmo como as coisas se invertem, afinal o colégio "privado" não era para dar lucro mesmo!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Limitar a construção desenfreada de prédios em Recife pode virar Lei

Do Diario de Pernambuco


Estava tudo preparado: discurso, apartes, telão e equipamento de datashow, mas a apresentação do projeto de lei de autoria da líder da oposição, Priscila Krause (DEM), teve que ser remarcado para a próxima segunda-feira por falta de quórum na Câmara do Recife. Se o adiamento foi fruto de uma estratégia governista, não importa, porque o projeto que se chamará “Lei anticaos”, caso seja aprovado, já “nasce” com garantia de polêmica na Casa, independente do dia.

O projeto prevê, entre outras coisas, a revisão do plano de mobilidade e um freio nas construções de residenciais. Segundo a democrata, não é possível pensar em um bom plano de mobilidade apenas levando em consideração a construção de novas vias e não controlar o adensamento urbano. “Lamentavelmente, a atual gestão deu continuidade ao absoluto desprezo pelo planejamento urbano/metropolitano, o que compromete o nosso futuro”, diz um trecho da justificativa do projeto.

Como solução, Priscila Krause, no artigo 6º, suspende a análise e aprovação de qualquer empreendimento de impacto até que entre em vigor o plano de mobilidade do Recife. Nos parâmetros urbanísticos, contidos no anexo, a construção de prédios acima de 48 metros, ou seja, de aproximadamente 16 andares, também fica suspensa. A justificativa é evitar que uma rua que normalmente já sofra com engarrafamentos, receba um residencial, por exemplo, e com isso aumente o fluxo do local comprometendo a acessibilidade do local.

Outro ponto levantado pela democrata no projeto é a exigência que o plano de mobilidade seja revisto para ter como embasamento a pesquisa de origem e destino. “O projeto da Prefeitura do Recife não tem embasamento técnico. Foi feito na base do achismo. A pesquisa origem/destino é um requisito básico para um plano como este e o próprio Milton Botler (coordenador do Instituto Pelópidas Silveira) disse que não fez”, afirmou Priscila.

Apesar de confirmar que a pesquisa não foi feita, Botler se defendeu. “Ela não sabe tecnicamente o que está dizendo. Esta pesquisa serve apenas para dimensionar a frequência de uma rede de ônibus, por exemplo. Utilizamos outros sistemas, como mapas de densidade de linhas e mapeamento dos locais que não existiam acessibilidade”. O projeto será apresentado na próxima segunda-feira. No dia 12 está marcada uma visita do secretário estadual das Cidades, Danilo Cabral, à Câmara para discutir o tema mobilidade.

Saiba mais

Pontos do projeto 

1) Instituir mecanismos de Controle do Adensamento Urbano

2) Estabelecer o prazo máximo de um ano para apresentação de Plano de Mobilidade e Transporte, obrigatoriamente embasado em pesquisa de origem/destino

3) Suspender temporariamente a análise e a aprovação de novos empreendimentos de impacto



Meu comentário: Finalmente alguém fez o que eu sempre disse. Parabéns para Priscila Krause!

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

O país da morte das soluções coletivas

A cada dia que passa vejo com mais clareza que a população brasileira tem se distanciado da política na mesma proporção que aparecem denúncias e mais denúncias de corrupção. Um bom medidor disso é a grande quantidade de pessoas que não nutrem qualquer tipo de confiança em políticos, podemos até esperar melhorias na administração pública mas alguma confiança parece um sonho muito distante. Se adicionarmos a isso a já histórica inércia do brasileiro, chegamos a uma situação crítica: O brasileiro não acredita que pode resolver os próprios problemas do Brasil.

A consequência devastadora desse tipo de pensamento se configura na exarcebada e exagerada busca por soluções de problemas individuais como a previdência, a saúde, a educação, o transporte são alguns dos exemplos mais claros, mas existem outros. A justiça por exemplo é um caso complicado, pois o brasileiro mesmo com dinheiro caso não seja réu está em maus lençóis, pois aí não adianta só dinheiro, tem que ter influência e isso fica mais difícil de se conseguir, devido a isso são realizadas passeatas nas ruas e greves gerais por uma justiça mais justa? Claro que não, o brasileiro deixa de usar a justiça a seu favor e quando usa sabe que pode demorar anos esperando, alguém pensou em testamento?

Uma área que trata dessa questão diretamente é a relação de funcionário público com influência política. Sabemos que em muitos lugares os serviços públicos estão aquém do esperado, forçando funcionários concursados a trabalharem em péssimas condições, nesse caso em particular, a segurança do emprego é no mínimo mais um fator de complicação. Deixando a questão da estabilidade de lado, muitos querem de fato trabalhar e produzir, mas poucos são escolhidos para cargos comissionados apenas por critérios de meritocracia. A gestão pública precisa estar alinhada com os diretores e gerentes de empresas públicas e isso é um fato, mas existe um limite para isso, e esse limite é a ética profissional e o zelo pelo patrimônio público, isso não pode ser negociado.

Chego a sonhar com o dia em que o brasileiro tenha um terço da preocupação com o patrimônio público, que  tem com o seu próprio patrimônio. A decisão de contrariar chefes do executivo por problemas que necessitam de solução independente do viés político ou ideologia, parece uma coisa do outro mundo. Ficar calado sempre parece ser uma boa opção para manter a própria situação confortável.

Fica então muito evidente que o brasileiro, possui níveis de preocupação e atuação direta por melhorias, iniciando com sua família, chegando a sua casa ou apartamento e no máximo no seu bairro, daí em diante tudo fica difícil de se melhorar e nesse momento o cidadão da nossa terra passa a olhar apenas para os seus próprios problemas, afinal num adianta mesmo correto?

Se MEU bairro está violento, eu tento me mudar!
Se a MINHA gasolina está cara demais, eu passo a andar mais de ônibus ou compro uma moto!
Se o produto X que EU quero está caro, tento falar com alguém para importar ilegalmente e assim por diante...

Pra cada problema que é comum a todos os brasileiros, eu procuro um solução para mim!

Me pergunto quando vamos entender que essas atitudes possuem prazo de validade e eventualmente teremos que enfrentar os problemas que fazemos de conta que não existem.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Sarney usa helicóptero da polícia para passear


Da FOLHA DE S. PAULO
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), usou um helicóptero da Polícia Militar do Maranhão para passear em sua ilha particular duas vezes neste ano.  A aeronave foi adquirida no ano passado para combater o crime e socorrer emergências médicas. Foi paga com recursos do governo estadual e do Ministério da Justiça e custou R$ 16,5 milhões.  Numa das viagens até a ilha de Curupu, onde tem uma casa, o senador foi acompanhado de um empresário que tem contratos milionários no Maranhão, que é governado por sua filha Roseana Sarney (PMDB).
No fim do passeio, o desembarque das bagagens de Sarney atrasou o atendimento de um homem com traumatismo craniano e clavícula quebrada que fora socorrido pela PM e chegara em outro helicóptero antes de Sarney.  Um cinegrafista amador registrou imagens que mostram Sarney e seus amigos desembarcando no heliponto da Polícia Militar em São Luís em dois domingos, 26 de junho e 10 de julho. A Folha obteve cópias dos vídeos.  Em nota de sua assessoria, o senador disse que tem “direito a transporte de representação em todo o território nacional” e afirmou ter viajado no helicóptero a convite da “governadora do Estado”.  Políticos que usam bens públicos em “obra ou serviço particular” podem ser punidos com a perda da função e suspensão de direitos políticos, conforme a Lei de Improbidade Administrativa. Uma lei estadual de 1993 proíbe “a utilização de veículos oficiais em caráter pessoal” no Maranhão, mas não deixa claro se a restrição pode ser aplicada aos helicópteros da polícia.
Meu comentário: Sarney é o cara! E ninguém fale nada dele porque ele não é um homem comum!

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

UFRPE terá campus no Cabo(Boa Notícia!)

Do Diário de Pernambuco


Pernambuco vai ganhar um novo campus da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e nove escolas técnicas até 2014. O anúncio foi feito ontem pela presidente Dilma Rousseff (PT), em Brasília, durante o lançamento de um pacote para expandir o ensino superior e profissionalizante no país. Os investimentos no estado são de R$ 250 milhões, sendo R$ 188 milhões destinados ao campus da Rural e R$ 7 milhões a cada uma das novas escolas técnicas. O novo campus da UFRPE vai funcionar em um terreno de 50 hectares no Cabo de Santo Agostinho. O local fica a 5km do Complexo de Suape e atenderá boa parte das necessidades das empresas do polo. Serão oferecidas engenharias química, elétrica, eletrônica, civil, mecânica e de materiais, além de ciências da computação, contábeis e de finanças. À noite, serão ofertadas licenciaturas de química, física e matemática para atender o déficit de professores.

Os alunos da Rural terão, até o 8º período, aulas de língua estrangeira. “Dominar uma ou duas línguas estrangeiras aumenta as chances de empregabilidade”, ressaltou o pró-reitor de planejamento da UFRPE, Romildo Morant de Holanda. Através de parceria com o Departamento de Letras da UFRPE, serão oferecidas aulas de inglês, alemão, espanhol, francês e mandarim, língua chinesa solicitada por algumas empresas. O campus vai atender 10 mil alunos.

As obras começam no início de 2012 e devem durar de 15 a 18 meses. As aulas estão marcadas para agosto de 2013. Além do campus, será instalado um parque tecnológico com áreas em que as empresas poderão criar centros para desenvolver trabalhos em parceria com a universidade. O projeto também inclui restaurante, auditório, biblioteca e laboratórios.

O Instituto Federal do Sertão Pernambucano vai ganhar duas unidades em Serra Talhada e Santa Maria da Boa Vista. Já o Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) terá sete campi na Região Metropolitana do Recife (RMR) e na Zona da Mata. Haverá unidades em Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, Palmares, Olinda, Igarassu, Abreu e Lima e Paulista. Cada campi poderá atender 1,2 mil alunos. Na fase de implantação serão matriculados 240 estudantes. “A expectativa é de que as novas unidades comecem a funcionar ainda em 2013”, afirmou a reitora do IFPE, Cláudia Sansil. Os cursos serão escolhidos após audiências públicas. As diversas esferas da sociedade indicarão as demandas do mercado.
Pernambuco e Bahia foram os estados contemplados com o maior número de escolas técnicas - nove cada um. O Norte e o Nordeste foram as regiões mais atendidas pelo pacote. Quatro universidades federais serão instaladas no Pará, na Bahia e no Ceará até 2012. (Mirella Marques)

Saiba mais

Criação do novo campus da UFRPE

Local: Cabo de Santo Agostinho

Investimento: R$ 188 milhões

Área: 50 hectares (terreno na PE-60 próximo a Suape)

Cursos presenciais: engenharia química, engenharia elétrica, engenharia eletrônica, engenharia civil, engenharia mecânica, engenharia de materiais, ciências da computação, contabilidade e finanças, licenciatura em física, licenciatura em química e licenciatura em matemática

Cursos à distância: secretariado executivo

Diferencial: todos os cursos terão língua estrangeira nos 8 períodos

Alunos: cerca de 10 mil alunos

Funcionamento: aulas devem iniciar no 2º semestre de 2013

Outros estados

Até 2012, serão implementados 20 campi universitários em oito estados e 88 unidades de institutos federais em 25 estados

Além disso, prefeitos assinarão termos de compromisso para a construção de 120 unidades de institutos federais em municípios dos 26 estados e no Distrito Federal

As novas universidades federais serão instaladas no Pará, na Bahia e no Ceará

A Bahia ganhou duas instituições. A Universidade Federal do Oeste da Bahia, com sede em Barreiras, e a Universidade Federal do Sul da Bahia, que terá sede em Itabuna

A Universidade Federal do Ceará transfere três de seus campi para a Universidade Federal da Região do Cariri – campi Cariri (na cidade de Juazeiro do Norte), Barbalha e Crato

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Criação de (MAIS!)municípios na pauta parlamentar

Do Diário de Pernambuco


O poder para criar novos municípios pode voltar, em breve, às mãos dos deputados estaduais. Com essa promessa e o pedido de apoio a um projeto que regulamenta a Emenda Constitucional número 15, conferindo autonomia aos estados para tanto, o deputado federal, José Augusto Maia (PTB), esteve ontem, na Assembleia Legislativa de Pernambuco.

O documento lista uma série de critérios para emancipação, entre eles pontos ainda divergentes como o número mínimo de habitantes necessários. “Ainda não há consenso entre o Congresso Nacional, os movimentos municipalistas e o governo, mas estamos caminhando para isso”, comentou Maia.

De acordo com o projeto elaborado pela Frente Parlamentar de Apoio à Criação de Novos Municípios, para emancipação de uma cidade no Nordeste do Brasil, seria necessário pelo menos 8.344 habitantes. “Creio que poderemos fechar em até 7.500”, antecipou.

Nas gavetas da Assembleia pernambucana, pelo menos 16 localidades esperam a regulamentação da emenda para serem emancipadas. O assunto vem sendo debatido na Casa pela Frente de Negócios Municipais, cujo presidente, Odacy Amorim (PSB), defende o mínimo de 7 mil habitantes, juntamente com realização de plebiscito para que um novo município seja criado em Pernambuco.

A proposta foi levantada na reunião, mas o deputado Augusto Maia advertiu para a necessidade de flexibilidade. “Aqueles que não puderem ser atendidos terão que se contentar”.

Hoje, em Brasília, a Frente Parlamentar se reúne com os líderes de bancadas no Congresso. A ideia é conseguir o apoio deles para o documento. Maia não vê dificuldades em consegui-lo e crê que emenda pode estar regulamentada até o fim deste ano. “Com isso, creio que a partir de 2012 já será possível voltar a emancipar municípios. Há 15 anos isso não ocorre”, disse.

Localidades que esperam emancipação         Cidades mãe


Ameixas                                                        Cumaru
Caraibeiros                                                   Itacuruba
Cavaleiro                                                   Jaboatão dos Guararapes
Curral Novo                                              Águas Belas
Fátima                                                        Flores
Isacolândia                                                  Petrolina 
Pão de Açúcar                                            Taquaritinga do Norte
Ponta de Pedra                                          Goiana
Ponte dos Carvalhos                                 Cabo de Santo Agostinho
Rainha Isabel                                            Bom Conselho
Rajada                                                     Petrolina
São Domingos                                           Brejo da Madre de Deus
Nascente                                                 Araripina
Negras                                                     Itaíba
Nossa Senhora do Ó                                  Ipojuca
Serrolândia                                              Ipubi 





Meu comentário: Vai ser muito emprego público que vai ajudar muitos companheiros a ficarem cada vez mais ricos. Muitas famílias de políticos vão ficar extremamente satisfeitas. 

domingo, 14 de agosto de 2011

O movimento Tea Party

Rodrigo Constantino, O Globo

“Somente no bizarro mundo de Washington a responsabilidade fiscal pode ser definida como terrorismo.” (Michele Bachmann)

A imagem do movimento Tea Party é bastante caricatural por aqui. Pinta-se um quadro de fanáticos reacionários que querem preservar o lucro dos milionários em detrimento do leite das crianças carentes e da aposentadoria dos pobres velhinhos. Pretendo apresentar uma visão diferente.

Comecemos pelo nome: ele se inspira na “Festa do Chá” em Boston, marco da Independência Americana. Os colonos, cansados de impostos arbitrários da Coroa inglesa, revoltaram-se. E quem pode negar que a Casa Branca hoje pratica exagerada intervenção na vida dos americanos? Vamos condenar o Tea Party por lutar por maior independência em relação a Washington?

Os “progressistas” gostam de monopolizar fins nobres: somente eles querem melhores condições de vida para os mais pobres. Mas o debate deve girar em torno dos melhores meios para tais fins. Foi justamente em períodos de reduzida intervenção estatal que houve mais prosperidade geral. Taxar os ricos e usar o governo para transferir renda pode conquistar votos, mas nunca ajudou os pobres de fato. Serviu apenas para afugentar investimentos e inchar governos corruptos.

O Tea Party carrega em seu DNA um viés libertário, que desconfia do governo “altruísta”. O discurso messiânico que elegeu Obama incomoda, e com razão: foram “messias salvadores” os que mais atrocidades praticaram em nome do “bem”. As medidas de Obama mostram sua visão ideológica. É clara a sua intenção de socializar setores importantes da economia e concentrar no governo mais poder ainda. O Tea Party veio dizer “basta”.

Há oportunistas e fundamentalistas malucos no Tea Party, sem dúvida. Mas reduzir o Tea Party a uma Sarah Palin é utilizar de má-fé. Vários aderiram ao movimento de forma consciente, cansados de um governo à beira da bancarrota, que acredita que a saída para todos os males é aumentar o gasto público e os impostos.

O Tea Party trouxe para o debate uma visão alternativa de sociedade. O que está em jogo é decidir se os Estados Unidos continuam no rumo atual, aquele adotado pelos países europeus que levou a um Estado social falido; ou se buscam resgatar o “sonho americano” original, que fez com que a nação se tornasse o colosso que é hoje. Os pilares deste modelo são:meritocracia, igualdade perante as leis, governo limitado e ampla liberdade individual.

Estes pilares estão fragilizados. Em cada nova crise, a “solução” foi aumentar os estímulos fiscais e monetários, criando novas bolhas insustentáveis. A conta precisa ser paga e os tentáculos do Leviatã estatal precisam ser reduzidos. O Tea Party chegou para mostrar esta realidade. Não é possível crescer de forma sustentável por meio de mais gastos públicos e crédito sem lastro. A despeito do que pensam os keynesianos como Paul Krugman, não se brinca impunemente com as leis econômicas.

O embate sobre o aumento do teto do endividamento expôs a polaridade: de um lado, aqueles que desejam um cheque em branco para o governo gastar à vontade; do outro, os que cansaram de viver uma ilusão e rejeitam o modelo europeu de sociedade. Não resta dúvida de que houve oportunismo político de ambos os lados. Mas erra quem acusa o Tea Party de irresponsável. O ápice da falta de responsabilidade é gastar mais do que arrecada indefinidamente.

Qual a função de um teto de endividamento que vive sendo elevado? Seria como uma meta de limite de peso que sempre acaba ignorada. Em vez de o sujeito entrar em dieta rigorosa ou praticar exercícios, ele apenas joga a meta para cima. Parece natural supor que o resultado desta postura negligente será a obesidade.

O governo americano está obeso. Ele possui US$ 14,3 trilhões em dívidas, quase 100% do PIB. E não está satisfeito! O Tea Party resolveu jogar duro para reverter este quadro. Pode-se acusar o movimento de intransigente, mas é preciso reconhecer que, não fosse isso, dificilmente o curso teria se alterado, ainda que timidamente. Foi uma conquista, apesar de insuficiente para evitar o rebaixamento do “rating” pela agência de risco Standard and Poor’s.

Uma ala minoritária, mesmo dentro dos republicanos, foi capaz de colocar em pauta o debate inadiável sobre a trajetória explosiva dos gastos públicos. Sua força obrigou o presidente Obama a recuar e abandonar parte de sua agenda socializante. É um começo, uma brisa que sopra na direção certa. Mérito do Tea Party, cujas qualidades deveriam servir de exemplo para a sonolenta oposição brasileira.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

O problema das chuvas de Recife e a democracia no Brasil

Engraçado como temas ás vezes tomados como insignificantes podem tomar proporções gigantes quando se entende o contexto em que estão.  Vejo que a democracia brasileira tem problemas que não estão sendo solucionados, mas antes que pensem que sou a favor de uma ditadura, algo que abomino, peço que primeiro leiam o que vou dizer a seguir, pois antes de mais nada precisamos entender os problemas para depois solucioná-los.

Sabemos que a democracia é um teste público de aprovação em que uma pessoa é eleita para servir de melhor forma a sociedade que a elegeu. Existe no entanto um grande problema nesse relacionamento que é o fato de que nem sempre essa sociedade sabe o que é melhor para si, a melhor solução para isso seria um sociedade bem informada e culturalmente preparada para entender a problemática da gestão pública, algo como uma preparação desde criança dos problemas e possíveis soluções para eles e o custo dessas soluções para toda a sociedade.

Essas questões em geral são solucionadas através de uma educação forte que possui visão de futuro, mas não é isso que acontece no Brasil, onde até hoje a palavra "política" é sinônimo de assunto chato. Não sei quando isso começou mas sei que perdura até hoje e muitos maus gestores públicos se aproveitam desse problema em benefício próprio, mantendo um sistema educacional que marginaliza boa parte da população e isso se aplica em todas as camadas sociais.

E o que isso tem a ver com as chuvas de Recife?

Nos últimos dias muito tem se falado mal do prefeito João da Costa, principalmente devido aos problemas de chuvas na cidade do Recife como buracos e alagamentos, piorando um já deficitário sistema viário. A resposta do prefeito às críticas tem sido tapar os buracos e recapiar ruas esburacadas a toque de caixa, mas ai vem as chuvas novamente e os buracos aparecem no mesmo lugar de antes. A situação se complica mais ainda quando vemos espaços pavimentados em ruas de placa de concreto, deixando claro que aquilo não é uma solução final.

Como então resolver essa questão? Os especialistas tem argumentado que Recife sofre de sérios problemas de drenagem e isso inviabiliza muitos recapeamentos e tapa-buracos, sendo a solução correta bem mais custosa em termos de tempo e dinheiro, pelo menos inicialmente já que os ganhos futuros são bem mais vantajosos, mas aí entra a questão chave desse post, o tal do futuro.

Tapar um buraco dá um retorno imediato a um governante a um custo pequeno, ou seja , ele ganha dos dois lados, ganha popularidade e gasta pouco, enquanto que a solução ideal demora mais e custa mais, gerando frutos para uma administração que talvez nem seja mais a dele. Fica então evidente que temos aí um grande problema de clientelismo brasileiro, onde uma solução meia-boca mesmo mal feita tem um resultado melhor do que a completa, gerando um ciclo vicioso de governante agradando a população e a população se safisfazendo com pouco. Isso fica mais evidente ainda quando se sabe que um mandato só tem 4 anos e geralmente um governante demora um ano para começar a fazer alguma coisa relevante, nesse período é quando acontece a partilha de cargos.

A questão gira em torno de decisões inicialmente impopulares que darão resultado a médio e longo prazo e são exatamente essas decisões que são as mais complicadas de sair, mesmo quando elas parecem absolutamente óbvias. A população já marginalizada é ensinada a esperar e imediatamente são mostrados outros ganhos da administração e alguns depoimentos individuais de pessoas que realmente foram beneficiadas e de uma hora para outra tudo está bem. As coisas ficam postas de uma forma que fica parecendo que se você reclama dessa administração, você não se importa com aquela pessoa que foi beneficiada e sabemos que nossa preocupação deve ser sempre com a sociedade como um todo e não com pessoas individuais em detrimento da sociedade.

Termino esse longo post dizendo que a solução ainda não está no horizonte, pois precisamos de políticos honestos o suficiente para tomar decisões impopulares que trarão benefícios a médio e longo prazo, resolvendo as emergências pontualmente, mas deixando claro que algo está sendo feito em paralelo, ou seja, precisamos de um verdadeiro planejamento, mas não vejo isso acontecendo nem no Brasil, nem no Recife.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Eduardo Campos é o novo santo depois de Lula!

Acredito que Eduardo Campos deve ser canonizado, já que se tornou um santo imaculado, depois de Lula claro! Será que ele faz milagres?

Motivo

Segue matéria do blog do Magno Martins


Sertão protesta mostrando estradas de "Isaltino Buracão"
A população do Sertão do Pajeú, que depende do trecho Afogados da Ingazeira/Albuquerquené rumo ao Recife, perdeu a paciência com o descaso do Governo e passou a protestar de forma mais dura e permanente. Lá, o secretário de Transportes não tem mais como sobrenome Nascimento, mas Buracão, pois foi batizado de 'Isaltino Buracão'. 


Comentário

Isaltino está  6 meses na secretaria de transportes e de repente já é o culpado por todos os problemas nas estradas de pernambuco, mas de Eduardo ninguém fala, é simplesmente incrível!

Na verdade não sei como não culparam João da Costa, já que ultimamente ele está sendo o culpado de tudo!

Porque não culparam então o presidente da Emlurb pelos buracos do Recife?

Coisas que não entendo! Na verdade entendo, a população prefere um político falador do que um "fazedor"!

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Será o fim do Brasil?


Repassando post muito bom de Reinaldo Azevedo...

Juan Arias, correspondente do jornal espanhol El País no Brasil, escreveu no dia 7 um artigo indagando onde estão os indignados do Brasil. Por que não ocupam as praças para protestar contra a corrupção e os desmandos? Não saberiam os brasileiros reagir à hipocrisia e à falta de ética dos políticos? Será mesmo este um país cujo povo tem uma índole de tal sorte pacífica que se contentaria com tão pouco? Publiquei, posts abaixo, a íntegra de seu texto. Afirmei que ensaiaria uma resposta, até porque a indagação de Arias, um excelente jornalista, é procedente e toca, entendo, numa questão essencial dos dias que correm. A resposta não é simples nem linear. Há vários fatores distintos que se conjugam. Vamos lá.
Povo privatizadoO “povo” não está nas ruas, meu caro Juan, porque foi privatizado pelo PT. Note que recorro àquele expediente detestável de pôr aspas na palavra “povo” para indicar que o sentido não é bem o usual, o corriqueiro, aquele de dicionário. Até porque este escriba não acredita no “povo” como ente de valor abstrato, que se materializa na massa na rua. Eu acredito em “povos” dentro de um povo, em correntes de opinião, em militância, em grupos organizados — e pouco importa se o que os mobiliza é o Facebook, o Twitter, o megafone ou o sino de uma igreja. Não existe movimento popular espontâneo. Essa é uma das tolices da esquerda de matriz anarquista, que o bolchevismo e o fascismo se encarregaram de desmoralizar a seu tempo. O “povo na rua” será sempre o “povo na rua mobilizado por alguém”. Numa anotação à margem: é isso o que me faz ver com reserva crítica — o que não quer dizer necessariamente “desagrado” — a dita “Primavera Árabe”. Alguém convoca os “povos”.
No Brasil, as esquerdas, os petistas em particular, desde a redemocratização, têm uma espécie de monopólio da praça. Disse Castro Alves: “A praça é do povo como o céu é do condor”. Disse Caetano Veloso: “A praça é do povo como o céu é do avião” (era um otimista; acreditava na modernização do Bananão). Disse Lula: “A praça é do povo como o povo é do PT”. Sim, responderei ao longo do texto por que os não-petistas não vão às ruas quase nunca. Um minutinho. Seguindo.
O “povo” não está nas ruas, meu caro Juan Arias, porque o PT compra, por exemplo, o MST com o dinheiro que repassa a suas entidades não exatamente para fazer reforma agrária, mas para manter ativo o próprio aparelho político — às vezes crítico ao governo, mas sempre unido numa disputa eleitoral. Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Haddad, ministro da Educação e candidato in pectore do Apedeuta à Prefeitura de São Paulo, estarão neste 13 de julho no 52º Congresso da UNE. Os míticos estudantes não estão nas ruas porque empenhados em seus protestos a favor. Você tem ciência, meu caro Juan, de algum outro país do mundo em que se fazem protestos a favor do governo? Talvez na Espanha fascista que seus pais conheceram, felizmente vencida pela democracia. Certamente na Cuba comuno-fascistóide dos irmãos Castro e na tirania síria. E no Brasil. Por quê?
Porque a UNE é hoje uma repartição pública alimentada com milhões de reais pelo lulo-petismo. Foi comprada pelo governo por quase R$ 50 milhões. Nesse período, esses patriotas, meu caro Juan, se mobilizaram, por exemplo, contra o “Provão”, depois chamado de Enade, o exame que avalia a qualidade das universidades, mas não moveram um palha contra o esbulho que significa, NA FORMA COMO EXISTE, o ProUni, um programa que já transferiu bilhões às mantenedoras privadas de ensino, sem que exista a exigência da qualidade. Não se esqueça de que a UNE, durante o mensalão, foi uma das entidades que protestaram contra o que a canalha chamou “golpe da mídia”. Vale dizer: a entidade saiu em defesa de Delúbio Soares, de José Dirceu, de Marcos Valério e companhia. Um de seus ex-presidentes e então um dos líderes das manifestações que resultaram na queda de Fernando Collor é hoje senador pelo PT do Rio e defensor estridente dos malfeitos do PT. Apontá-los, segundo o agora conservador Lindbergh Farias, é coisa de conspiração da “elites”. Os antigos caras-pintadas têm hoje é a cara suja; os antigos caras-pintadas se converteram em verdadeiros caras-de-pau.
Centrais sindicaisO que alguns chamam “povo”, Juan, chegaram, sim, a protestar em passado nem tão distante, no governo FHC. Lá estava, por exemplo, a sempre vigilante CUT. Foi à rua contra o Plano Real. E o Plano Real era uma coisa boa. Foi à rua contra a Lei de Responsabilidade Fiscal. E a Lei de Responsabilidade Fiscal era uma coisa boa. Foi à rua contra as privatizações. E as privatizações eram uma coisa boa.  Saiba, Juan, que o PT votou contra até o Fundef, que era um fundo que destinava mais recursos ao ensino fundamental. E onde estão hoje a CUT e as demais centrais sindicais?
Penduradas no poder. Boa parte dos quadros dos governos Lula e Dilma vem do sindicalismo — inclusive o ministro que é âncora dupla da atual gestão: Paulo Bernardo (Comunicações), casado com Gleisi Hoffmann (Casa Civil). O indecoroso Imposto Sindical, cobrado compulsoriamente dos trabalhadores, sejam sindicalizados ou não, alimenta as entidades sindicais e as centrais, que não são obrigadas a prestar contas dos milhões que recebem por ano. Lula vetou o expediente legal que as obrigava a submeter esses gastos ao Tribunal de Contas da União. Os valentes afirmaram, e o Apedeuta concordou, que isso feria a autonomia das entidades, que não se lembraram, no entanto, de serem autônomas na hora de receber dinheiro de um imposto.
Há um pouco mais, Juan. Nas centrais, especialmente na CUT, os sindicatos dos empregados das estatais têm um peso fundamental, e eles são hoje os donos e gestores dos bilionários fundos de pensão manipulados pelo governo para encabrestar o capital privado ou se associar a ele — sempre depende do grau de rebeldia ou de “bonomia”do empresariado.
O MST, A UNE E OS SINDICATOS NÃO ESTÃO NAS RUAS CONTRA A CORRUPÇÃO, MEU CARO JUAN, PORQUE SÃO SÓCIOS MUITO BEM-REMUNERADOS DESSA CORRUPÇÃO. E fornecem, se necessário, a mão-de-obra para o serviço sujo em favor do governo e do PT. NÃO SE ESQUEÇA DE QUE A CÚPULA DOS ALOPRADOS PERTENCIA TODA ELA À CUT. Não se esqueça de que Delúbio Soares, o próprio, veio da… CUT!
Isso explica tudo? Ou: “Os Valores”Ainda não!
Ao longo dos quase nove anos de poder petista, Juan, a sociedade brasileira ficou mais fraca, e o estado ficou mais forte; não foi ela que o tornou mais transparente; foi ele que a tornou mais opaca. Em vez de se aperfeiçoarem os mecanismos de controle desse estado, foi esse estado que encabrestou entidades da sociedade civil, engajando-as em sua pauta. Até a antes sempre vigilante Ordem dos Advogados do Brasil flerta freqüentemente com o mau direito — e o STF não menos — em nome do “progresso”. O petismo fez das agências reguladoras meras repartições partidárias, destruindo-lhes o caráter.
Enfraqueceram-se enormemente os fundamentos de uma sociedade aberta, democrática, plural. Em nome da diversidade, da igualdade e do pluralismo, busca-se liquidar o debate. A Marcha para Jesus, citada por você, à diferença do que querem muitos, é uma das poucas expressões do país plural que existe de fato, mas que parece não existir, por exemplo, na imprensa. À diferença do que pretendem muitos, os evangélicos são um fator de progresso do Brasil — se aceitarmos, então, que a diversidade é um valor a ser preservado.
Por que digo isso? Olhe para a sua Espanha, Juan, tão saudavelmente dividida, vá lá, entre “progressistas” e “conservadores” — para usar duas palavras bastante genéricas —, entre aqueles mais à esquerda e aqueles mais à direita, entre os que falam em nome de uma herança socialista e mais intervencionista, e os que se pronunciam em favor do liberalismo e do individualismo. Assim é, você há de convir, em todo o mundo democrático.
Veja que coisa, meu caro: você conhece alguma grande democracia do mundo que, à moda brasileira, só congregue partidos que falam uma linguagem de esquerda? Pouco importa, Juan, se sabem direito o que dizem e são ou não sinceros em sua convicção. O que é relevante é o fato de que, no fim das contas, todos convergem com uma mesma escolha: mais estado e menos indivíduo; mais controle e menos liberdade individual. Como pode, meu caro Juan, o principal partido de oposição no Brasil pensar, no fim das contas, que o problema do PT é de gestão, não de valores? Você consegue se lembrar, insisto, de alguma grande democracia do mundo em que a palavra “direita” virou sinônimo de palavrão? Nem na Espanha que superou décadas de franquismo.
Imprensa
Se você não conhece democracia como a nossa, Juan, sabe que, com as exceções que confirmam a regra, também não há imprensa como a nossa no mundo democrático no que concerne aos valores ideológicos. Vivemos sob uma quase ditadura de opinião. Não que ela deixe de noticiar os desmandos — dois ministros do governo Dilma caíram, é bom deixar claro, porque o jornalismo fez o seu trabalho. Mas lembre-se: nesta parte do texto, trato de valores.
Tome como exemplo o Código Florestal. Um dia você conte em seu jornal que o Brasil tem 851 milhões de hectares. Apenas 27% são ocupados pela agricultura e pela pecuária; 0,2% estão com as cidades e com as obras de infra-estrutura. A agricultura ocupa 59,8 milhões (7% do total); as terras indígenas, 107,6 milhões (12,6%). Que país construiu a agropecuária mais competitiva do mundo e abrigou 200 milhões de pessoas em apenas 27,2% de seu território, incluindo aí todas as obras de infra-estrutura? Tais números, no entanto — do IBGE, do Ibama, do Incra e da Funai — são omitidos dos leitores (e do mundo) em nome da causa!
A crítica na imprensa foi esmagada pelo engajamento; não se formam nem se alimentam valores de contestação ao statu quo — que hoje, ora veja!, é petista. Por quê? Porque a imprensa de viés realmente liberal é minoritária no Brasil. Dá-se enorme visibilidade aos movimentos de esquerdistas, mas se ignoram as manifestações em favor do estado de direito e da legalidade. Curiosamente, somos, sim, um dos países mais desiguais do mundo, que está se tornando especialista em formar líderes que lutam… contra a desigualdade. Entendeu a ironia?
Quem vai à rua?Ora, Juan, quem vai, então, à rua? Os esquerdistas estão se fartando na lambança do governismo, e aqueles que não comungam de suas idéias e que lastimam a corrupção e os desmandos praticamente inexistem para a opinião pública. Quando se manifestam, são tratados como párias. Ou não é verdade que a imprensa trata com entusiasmo os milhões da parada gay, mas com evidente descaso a marcha dos evangélicos? A simples movimentação de algumas lideranças de um bairro de classe média para discutir a localização de uma estação de metro é tratada por boa parte da imprensa como um movimento contra o… “povo”.
As esquerdas dos chamados movimentos sociais estão, sim, engajadas, mas em defender o governo e seus malfeitos. Afirmam abertamente que tudo não passa de uma conspiração contra os movimentos populares. As esquerdas infiltradas na imprensa demonizam toda e qualquer reação de caráter legalista — ou que não comungue de seus valores ditos “progressistas” — como expressão não de um pensamento diferente, divergente, mas como manifestação de atraso.
Descrevi, meu caro Juan, o que vejo. Isso tem de ser necessariamente assim? Acho que não! A quem cabe, então, organizar a reação contra a passividade e a naturalização do escândalo, na qual se empenha hoje o PT? Essa indagação merecerá resposta num outro texto, que este já vai longe. Fica para depois do meu descanso.
Do seu colega brasileiro Reinaldo Azevedo.
Por Reinaldo Azevedo