quinta-feira, 14 de abril de 2011

4 milhões de usuários em perigo

Não bastasse enfrentar dificuldade e demora para conseguir atendimento, quase 4 milhões de brasileiros correm o risco de ver os seus planos de saúde e odontológicos falirem. Sem dinheiro em caixa e com dificuldade para atender às exigências da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), 257 operadoras, de um total de 1.618 em funcionamento, começaram a apresentar problemas financeiros tão graves que obrigaram o órgão regulador a intervir. Embora essas empresas sejam, geralmente, de pequeno porte, podem causar dor de cabeça para muita gente. Só as 87 administradoras que passaram a ser acompanhadas de perto entre julho de 2010 e fevereiro deste ano respondem por 1,3 milhão de beneficiários.

O problema é recorrente. As operadoras oferecem preços incompatíveis com a realidade do mercado e não dão conta de se manter. A fatura cai no colo do consumidor. “Algumas empresas trabalham com estratégia comercial suicida. Fazem promoções, vendem descontos e o que arrecadam não é suficiente para pagar as despesas. Apostam que nem todos vão usar o serviço e, quando há uma demanda maior, ocorre um desequilíbrio”, diz o assessor de Gerenciamento de Saúde das Clínicas Oncológicas Integradas (COI), Everardo Braga.

Cansado de pagar e não ter atendimento, o policial militar Cantarelli Mendes, 34, cancelou o plano após uma série de insatisfações. “Rescindi o contrato há cinco meses. Na hora de marcar consultas, se dizemos que vamos pagar, as clínicas resolvem na hora e somos atendidos no mesmo dia. Por convênio, a demora é de mais de um mês”. Agora, ele procura uma nova operadora também para o filho Victor, 11.

Pelos dados da ANS, do total de empresas acompanhadas, 182 estão sob regime de direção fiscal, quando um profissional é nomeado para acompanhar de perto a situação. A própria agência reguladora reconhece, porém, que 80% dos planos que sofrem essa intervenção estão num buraco tão profundo que não devem conseguir se reerguer. O prazo dado para a empresa geralmente é de um ano, mas ela pode decidir encerrar as atividades antes. Se considerar a situação irrecuperável, a ANS também costuma fechar o cadastro antes desse período. ( Do Correio Braziliense ) 

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