quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Brasil, o país do futuro?(2/5)

Transferência de renda


Pós-doutor em sociologia do desenvolvimento e professor da Universidade de Brasília (UnB), Marcelo Medeiros explica que os programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, não causam qualquer impacto na redução das disparidades. “São desenhados para reduzir a extrema pobreza. Até porque, a quantidade de dinheiro usada no programa do governo federal está entre 0,5% e 1% do PIB, é pouco”, afirma o economista e sociólogo.

Opinião semelhante tem o cientista político João Talocchi: “Se não houver uma política no campo da educação, os beneficiados permanecerão vulneráveis e dependentes da ajuda governamental”. Flávio Comim, pós-doutor em economia, chama atenção para a expectativa de escolaridade no Brasil, que diminuiu de 14,5 anos em 2000 para 13,8, em 2011. “Isso significa que a qualidade do sistema educacional caiu, por diversos fatores medidos dentro dos critérios estatísticos, espera-se que uma criança que entra hoje na escola estude menos do que se esperava no início da década”. 

Gênero

Eleger uma mulher para comandar o país pode ser sintomático, do ponto de vista da redução das desigualdades de gênero, mas não significa necessariamente um equilíbrio em relação aos homens no Brasil. Especialmente no campo da política, onde apenas 9,6% das cadeiras do Parlamento são ocupadas por elas — pior índice entre países emergentes, os chamados Brics, e na comparação com nações em condições semelhantes, como o México. Mas é no campo da saúde pública que o tema ganha contornos dramáticos. Se, por um lado, houve uma redução expressiva da mortalidade materna, de 110 para 58 casos por 100 mil nascidos vivos entre 2010 e 2011, no quesito planejamento familiar, o país vai muito mal. Aqui, a cada mil mulheres que dão à luz, 75 são adolescentes, segundo o Índice de Desenvolvimento de Gênero (IDG). A taxa brasileira fica pouco abaixo da indiana, de 86. 

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