terça-feira, 13 de setembro de 2011

Falta de educação gera desigualdade

Do Diário de Pernambuco


As políticas de desenvolvimento regional que vêm sendo implantadas no Brasil desde a década de 1960 não têm se mostrado eficazes no combate às desigualdades entre as regiões do país. No caso do Nordeste, que se mantém em relativo atraso, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita continua no mesmo nível verificado há cinquenta anos, ou seja, 47% da média nacional (2008/1960). Em grande parte, por causa das diferenças em capital humano médio, reflexo do descaso dos governos com a educação, cujos investimentos têm se mantido bem abaixo daqueles realizados no Sul e no Sudeste.

Essa é a tônica do livro Desigualdades regionais no Brasil, que o economista Alexandre Rands lança amanhã, às 19h, na Livraria Cultura. A partir dessa crítica, Rands lança uma proposta alternativa, que é eliminar as diferenças de gastos médios por aluno com educação entre São Paulo e o Nordeste. “O Brasil fechou os olhos para a educação pelo menos até a segunda metade da década de 1990 e agora pagamos o preço. No livro, eu comparo e mostro que as diferenças em quantidade e qualidade da educação explica algo muito próximo de 100% todas as desigualdades regionais”, explica o economista, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e PhD em Economia pela Universidade de Illinois, nos Estados Unidos.

A elevação dos gastos hoje existentes com educação no Nordeste corrigiria uma das principais deficiências relativas de capital humano na região, que é a baixa escolaridade. Rands defende que os orçamentos dedicados à educação nos estados sejam complementados a partir do orçamento federal. Mas não apenas isso. Também teria que ser criada uma lógica para a utilização desses recursos, como sistemas de incentivos focados nos resultados apresentados por professores, escolas e alunos.

Em linguagem simples e sem recorrer ao excesso de tecnicismos, o economista refuta uma das teses mais utilizadas nos estudos regionais recentes, a da Nova Geografia Econômica. Segundo esse modelo, o mercado se encarregaria de resolver as desigualdades regionais através de retornos crescentes de escala. Mas não resolve. “Se, ao invés de transferir dinheiro público para empresários como política de incentivo fiscal o governo tivesse investido 100% em educação, teríamos eliminado essas disparidades na renda per capita”, comenta Rands.

Na visão do economista, que foi presidente da Associação Brasileira de Estudos Regionais (ABER) entre 2006 e 2009, as desigualdades regionais têm suas raízes na formação social das regiões. Ele lembra que, na época de forte colonização do Nordeste, não se conseguia atrair mão de obra de maior qualificação. Optou-se, assim, pela escravidão. Quando o Sul e o Sudeste foram intensamente mais colonizados, pelo contrário, o Brasil já era atraente para pessoas com maior qualificação. Essas tendências perduram até hoje por uma tendência à perpetuação. 



Meu comentário: É nada!

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